“O diabo” mulher
a ameaça por trás do saber feminino e da verdade d’A mulher
DOI:
https://doi.org/10.31683/stylus.v1i47.1071Parole chiave:
Feminino, Falo, Significante, Saber, VerdadeAbstract
Este artigo tem por objetivo apontar que, antes de Freud, houve todo um contexto histórico de tentativa de dominação e adestramento do feminino. Freud começou sua clínica escutando as mulheres que apresentavam sintomas que a medicina não conseguia curar, sendo o sintoma histérico uma forma de manifestação desse cerceamento. Embora Freud tenha escutado as mulheres e, a partir disso, alcançado o fator sexual na histeria, ele sintetiza as diferenças sexuais por meio do complexo de castração, limitando-as a uma identificação ideal no par heterossexual e na maternidade. Lacan afirma que não é do pênis que se trata, e, sim, do falo, como um significante que tem lugar no discurso do Outro. A mulher está sob o efeito da primazia do falo, no sentido simbólico que determina a diferença entre os sexos e suas relações, mas, para além da lógica da castração, há uma parte no campo do gozo que pertence ao real. Como o falo está recalcado, existe um desejo inconsciente que diz sobre o saber do sujeito feminino, enquanto a verdade é que a mulher não existe.
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