“O diabo” mulher

a ameaça por trás do saber feminino e da verdade d’A mulher

Autores

  • Leticia Gondim Membro do Fórum do Campo Lacaniano de Brasília e IF-EPFCL
  • Cleyre Messias Gontijo Nós - Grupo de Estudos e Transmissão em Psicanálise

DOI:

https://doi.org/10.31683/stylus.v1i47.1071

Palavras-chave:

Feminino, Falo, Significante, Saber, Verdade

Resumo

Este artigo tem por objetivo apontar que, antes de Freud, houve todo um contexto histórico de tentativa de dominação e adestramento do feminino. Freud começou sua clínica escutando as mulheres que apresentavam sintomas que a medicina não conseguia curar, sendo o sintoma histérico uma forma de manifestação desse cerceamento. Embora Freud tenha escutado as mulheres e, a partir disso, alcançado o fator sexual na histeria, ele sintetiza as diferenças sexuais por meio do complexo de castração, limitando-as a uma identificação ideal no par heterossexual e na maternidade. Lacan afirma que não é do pênis que se trata, e, sim, do falo, como um significante que tem lugar no discurso do Outro. A mulher está sob o efeito da primazia do falo, no sentido simbólico que determina a diferença entre os sexos e suas relações, mas, para além da lógica da castração, há uma parte no campo do gozo que pertence ao real. Como o falo está recalcado, existe um desejo inconsciente que diz sobre o saber do sujeito feminino, enquanto a verdade é que a mulher não existe.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Cleyre Messias Gontijo, Nós - Grupo de Estudos e Transmissão em Psicanálise

Psicóloga, graduada pela UniAlfa, especialista em Psicanálise e Subjetivação do Sujeito pela Faculdade Jangada.  Psicanalista

Referências

Allouch, J. (1997). Rede de perseguidores, razão do delírio. In J. Allouch. Paranóia: Marguerite, ou “Aimée” de Lacan (pp. 263-318). Rio de Janeiro: Companhia de Freud.

Almeida, A. M. M. de (2012). Feminilidade: caminho de subjetivação. Estudos de Psicanálise, 38, 29-44.

André, S. (1998). O encontro com o inominável. In S. André. O que quer uma mulher? (pp. 46-63). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Bíblia de Jerusalém (2002). Livro do Eclesiástico. Rio de Janeiro: Paulus.

Demes, J. R., Chatelard, D. S., & Celes, L. A. M. (2011). O feminino como metáfora do sujeito na psicanálise. Revista Mal-estar e Subjetividade, 11(2), 645-667.

Foucault, M. (1988). O dispositivo da sexualidade. In M. Foucault. História da sexualidade I: a vontade de saber (pp. 73-123). Rio de Janeiro: Edições Graal.

Freud, S. (1996). A dissolução do complexo de Édipo. In S. Freud. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. XIX, pp. 191-199). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1924)

Freud, S. (1996). Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos. In S. Freud. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. XIX, pp. 273-286). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1925)

Freud, S. (1996). A feminilidade. In S. Freud. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. XXII, pp. 113-134). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1933)

Freud, S. (2018). Sexualidade feminina. In S. Freud. Amor, sexualidade, feminilidade. Obras incompletas de Sigmund Freud (Vol. VII, pp. 285-311). Belo Horizonte: Autêntica. (Trabalho original publicado em 1931)

Giddens, A. (1993). Foucault e a sexualidade. In A. Giddens. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas (pp. 27-46). São Paulo: Editora Unesp.

Heineberg, I. (2018). Apresentação. In G. Flaubert. Madame Bovary. Porto Alegre: L&PM.

Jimenez, S. (2014). O drama da sexuação humana. In S. Jimenez. No cinema com Lacan: o que os filmes nos ensinam sobre os conceitos e a topologia lacaniana. Ponteio.

Kehl, M. R. (1998). A constituição da feminilidade no século XIX. In M. R. Kehl. Deslocamentos do feminino (pp. 25-121). Rio de Janeiro: Imago.

Kehl, M. R. (2002). O homem moderno, o desamparo e o apelo a uma nova ética. In M. R. Kehl. Sobre a ética e psicanálise (pp. 39-75). São Paulo: Companhia das Letras.

Knudsen, P. P. (2021). Três respostas aos gêneros “não binários”. Revista Cult, 24(270), 32-35.

Lacan, J. (1988). A questão histérica (II): “O que é uma mulher?” In J. Lacan. Seminário 3: as psicoses (pp. 198-208). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. (Trabalho original publicado em 1956)

Molina, J. A. (2011). Um mal-estar na psicanálise. In J. A. Molina. O que Freud dizia sobre as mulheres (pp. 11-18). São Paulo: Cultura Acadêmica.

Moraes, M. L. Q. (2022). A importância do Feminismo marxista no enfrentamento do neoliberalismo. Revista Cult, 25(282), 20-22.

Moreira, M. M. (2021). As vozes das mulheres e o indizível da Mulher. Revista Cult, 24(270), 29-31.

Neri, R. (2002). O encontro entre a psicanálise e o feminino: singularidade/diferença. In R. Neri. Feminilidades (pp. 13-34). Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria.

Nogueira, C. M. (2022). Divisão psicossexual do trabalho: a esfera da produção e da reprodução. Revista Cult, 25(282), 22-24.

Nogueira, C. R. F. (1991). As companheiras de Satã: o processo de diabolização da mulher. Espacio, Tiempo y Forma: Revista de la Facultad de Geografía e Historia, 4, 9-24.

Nogueira, C. R. F. (2000). Deus e o diabo: a pedagogia do medo. In C. R. F. Nogueira. O diabo no imaginário cristão (pp. 41-70). Edusc.

Roudinesco, E., & Plon, M. (1998). Histeria. In Dicionário de psicanálise (pp. 337--342). Rio de Janeiro: Zahar.

Scott, J. (2019). Gênero: uma categoria útil para análise histórica. In J. Scott. Pensamentos feministas: conceitos fundamentais (pp. 49-80). Rio de Janeiro: Bazar do Tempo.

Soler, C. (2006). O que diz dela o inconsciente. In C. Soler. O que Lacan dizia das mulheres (pp. 25-38). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Srinivasan, A. (2021a). A conspiração contra os homens. In A. Srinivasan. O direito ao sexo: feminismo no século XXI (pp. 17-54). São Paulo: Todavia.

Srinivasan, A. (2021b). Coda: a política do desejo. In A. Srinivasan. O direito ao sexo: feminismo no século XXI (pp. 125-158). São Paulo: Todavia.

Tolstói, L. (2017). Anna Kariênina. São Paulo: Companhia das Letras.

Wittig, M. (2019). Não se nasce mulher. In M. Wittig. Pensamentos feministas: conceitos fundamentais (pp. 83-92). Rio de Janeiro: Bazar do Tempo.

Zalcberg, M. (2012). A devastação: uma singularidade feminina. Tempo Psicanalítico, 44(2), 469-475.

Downloads

Publicado

2024-10-22

Como Citar

Gondim, L., & Messias Gontijo, C. (2024). “O diabo” mulher: a ameaça por trás do saber feminino e da verdade d’A mulher. Revista De Psicanálise Stylus, 1(47), pp. 89–102. https://doi.org/10.31683/stylus.v1i47.1071

Edição

Seção

TRABALHO CRÍTICO COM OS CONCEITOS