Os sujeitos tornaram-se perversos no capitalismo contemporâneo?

Autores

  • Raul Albino Pacheco Filho

DOI:

https://doi.org/10.31683/stylus.v0i34.24

Resumo

Adjetivada de diversas maneiras, a noção psicanalítica de perversão tornou-se um recurso comum utilizado por diferentes autores para se referir e para explanar teoricamente a respeito de aspectos observados na sociedade capitalista contemporânea. Este artigo questiona se seria teoricamente razoável e conceitualmente legítimo supor que se trata de uma migração maciça de sujeitos para aquilo que o pensamento freudiano e lacaniano formalizou como sendo a estrutura clínica perversa. A perversão seria um sintoma da sociedade capitalista? A resposta negativa a esta questão apoia-se na distinção entre: a) a noção de uma perversão estrutural do falante, de seu gozo e da pulsão: “toda sexualidade humana é perversa”; b) a noção de estrutura clínica perversa, como uma “escolha” do sujeito para lidar com a falta (castração) do Outro; e c) a noção de um regime de gozo (um discurso) não fundado sobre a renúncia ao gozo.

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Biografia do Autor

Raul Albino Pacheco Filho

Psicólogo. Psicanalista, AME da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano-Brasil, membro do Fórum do Campo Lacaniano de São Paulo, onde coordena a Rede de Pesquisa Psicanálise e Saúde Pública. Doutor e mestre pelo Instituto de Psicologia da USP. Professor Titular da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da PUC-SP, atuando no Curso de Psicologia e no Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social, onde coordena o Núcleo de Pesquisa Psicanálise e Sociedade.

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Publicado

2017-08-29

Como Citar

Filho, R. A. P. (2017). Os sujeitos tornaram-se perversos no capitalismo contemporâneo?. Revista De Psicanálise Stylus, (34), pp. 45–56. https://doi.org/10.31683/stylus.v0i34.24