Mishima: entre o amor e o desejo
DOI:
https://doi.org/10.31683/stylus.vi28.721Palavras-chave:
Perversão, amor, desejoResumo
As confissões feitas por Yukio Mishima em seu romance autobiográfico Confissões de uma máscara (1949) são tomadas neste artigo para ilustrar como esse sujeito passa – tal qual em uma banda de Moebius – do amor ao desejo em um movimento circulante. Em sua infância ele se divide entre o amor de sua avó e o desejo sexual por príncipes e soldados. Em sua juventude, ele se divide entre o amor espiritual por Sonoko e o desejo carnal, homossexual, por Omi. A clivagem que se desvela entre o amor e o desejo é subsumida pela clivagem da “carne e do espírito”. De um lado a “carne”, o desejo homossexual carnal, o desejo por aquilo que se imprime na masculinidade, força, ignorância, gestos rudes, fala descuidada; de outro, o espírito, tudo aquilo que é da ordem da intelectualidade. Mishima tentou constituir dois polos de pureza e perfeição, dois absolutos, desmentindo, assim, a castração do Outro. Ele perseguiu a solução da divisão do eu que se apresentava nas polaridades, mas o abismo que o dividia entre “o amor e o desejo” nunca se preencheu.
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