Sujeito do inconsciente e sujeito de direito:

Ponto de conjunção ou de disjunção na interlocução da psicanálise com a saúde mental?

Autores

  • Paulo Alberto Teixeira Bueno

DOI:

https://doi.org/10.31683/stylus.vi33.600

Palavras-chave:

Sujeito de direito, psicanálise, atenção psicossocial, saúde mental

Resumo

A inclusão do discurso psicanalítico nas instituições públicas de atenção psicossocial se faz cada vez mais presente e, como consequência, tem gerado um debate no campo sobre seus limites e alcances. Um importante ponto deste debate está na noção de sujeito. A Reforma Psiquiátrica brasileira elegeu como meta central a restituição de direitos historicamente destituídos dos usuários dos equipamentos substitutivos ao manicômio. Neste contexto o sujeito em sofrimento é, muitas vezes, tomado prioritariamente como sujeito de direitos no planejamento das ações em equipes multiprofissionais. Há autores que propõem que entre sujeito do inconsciente e sujeito de direitos há uma equivalência. Problematizaremos tal proposta – a partir de uma imersão na filosofia do direito, de onde se origina o termo – para indicar a imprecisão de tal equivalência, demonstrando, em seguida, que a noção de sujeito de direitos tem limitada contribuição enquanto operador clínico. Serão exploradas as críticas que Lacan teceu à transformação da saúde em um direito, prevenindo aqueles que operam no campo assistencial dos riscos que comportam ceder de sua posição. Por fim, propor-se-á que o psicanalista sustente nas equipes de atenção psicossocial não o amálgama ao arcabouço conceitual hegemônico, mas sim a multiplicidade discursiva, de modo que possa garantir entre as brechas institucionais o espaço do sujeito desejante.

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Biografia do Autor

Paulo Alberto Teixeira Bueno

Mestrando pelo Núcleo de Pesquisa Psicanálise e Sociedade do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da PUC-SP, Psicólogo do CAPS Infantil Espaço de Vida. Psicanalista em formação, participou dos módulos de formação do FCL-SP (Fórum do Campo Lacaniano – SP).

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Publicado

2016-11-24

Como Citar

Bueno, P. A. T. (2016). Sujeito do inconsciente e sujeito de direito:: Ponto de conjunção ou de disjunção na interlocução da psicanálise com a saúde mental?. Revista De Psicanálise Stylus, (33), p.217–225. https://doi.org/10.31683/stylus.vi33.600

Edição

Seção

PSIQUIATRIA NA ATUALIDADE