Medicina baseada em evidência x psicanálise baseada na ex-sistência

Autores

  • Soraya Carvalho

DOI:

https://doi.org/10.31683/stylus.v0i34.27

Resumo

O modelo biotecnicista da medicina contemporânea adota como critério a eficácia do tratamento, regra fundamentada na medicina baseada em evidências (MBE). A eficácia terapêutica é determinada pelas leis de mercado, norteadas pelo discurso capitalista, e a psicanálise não escapa dos seus efeitos. Se a eficácia é medida por critérios objetivos, replicáveis e transmissíveis, a psicanálise vem sofrendo violentas críticas, acusada de ser ineficaz e de produzir resultados carentes de evidências. Este artigo tem como objetivo esclarecer que a psicanálise não é uma clínica baseada nas evidências da realidade, mas na ex-sistência do real. E se real é o impossível, sua eficácia não pode ser aferida pelos critérios da MBE. Como comprovar a eficácia de uma experiência a partir de um dispositivo que visa verificar o real, o equívoco, a letra de gozo, o sem-sentido, a não ser por aqueles que passaram por ela? Seria o dispositivo do passe a evidência da psicanálise?

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Biografia do Autor

Soraya Carvalho

Psicóloga, especialista em Psicologia Hospitalar e psicanalista, membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano-Fórum Salvador. Membro da Associação Científica Campo Psicanalítico de Salvador; membro-fundador e membro da diretoria da ABEPS – Associação Brasileira de Estudo e Prevenção do Suicídio; membro do GT de Suicídio da ULAPSI – União Latino-americana das Entidades de Psicologia; membro da ASULAC – Associação de Suicidologia da América Latina e Caribe. Idealizadora e Coordenadora do NEPS – Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio. Autora do livro A morte pode esperar? Clínica psicanalítica do suicídio, e organizadora do livro O inconsciente e o corpo do ser falante.

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Publicado

2017-08-29

Como Citar

Carvalho, S. (2017). Medicina baseada em evidência x psicanálise baseada na ex-sistência. Revista De Psicanálise Stylus, (34), pp. 83–92. https://doi.org/10.31683/stylus.v0i34.27

Edição

Seção

TRABALHO CRÍTICO COM OS CONCEITOS